divendres, 25 de juliol del 2008

Águas de Março (Tom Jobim)

Águas de Março

(cliqueu en el títol i veureu una meravella de la música i la poesia)

É pau, é pedra,
é o fim do caminho
É um resto de toco,
é um pouco sozinho

É um caco de vidro,
é a vida, é o sol
É a noite, é a morte,
é um laço, é o anzol

É peroba do campo,
é o nó da madeira
Caingá, candeia,
é o Matita Pereira

É madeira de vento,
tombo da ribanceira
É o mistério profundo,
é o queira ou não queira

É o vento ventando,
é o fim da ladeira
É a viga, é o vão,
festa da cumeeira

É a chuva chovendo,
é conversa ribeira
Das águas de março,
é o fim da canseira

É o pé, é o chão,
é a marcha estradeira
Passarinho na mão,
pedra de atiradeira

É uma ave no céu,
é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte,
é um pedaço de pão

É o fundo do poço,
é o fim do caminho
No rosto o desgosto,
é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego,
é uma conta, é um conto
É um pingo pingado,
é uma ponta, é um ponto

É um peixe, é um gesto,
é uma prata brilhando
É a luz da manhã,
é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia,
é o fim da picada
É a garrafa de cana,
o estilhaço na estrada

É o projeto da casa,
é o corpo na cama
É o carro enguiçado,
é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um resto de mato,
na luz da manhã

São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração

É uma cobra, é um pau,
é João, é José
É um espinho na mão,
é um corte no pé

São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração

É pau, é pedra,
é o fim do caminho
É um resto de toco,
é um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte,
é uma febre terçã

São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração

… pau, … edra,
… fim … inho
… esto … oco,
… pouco … inho

… caco … vidro,
… vida, … ol
... noite, … orte,
… aço, … zol

São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração

Antonio Carlos -Tom- Jobim